sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

quarta gira com Clarice

Carta ao amigo

Peguei seu recado às duas horas da manhã de ontem, e tenho medo de saber o que nessas horas mudou no mundo. Será que você ainda está sendo?
A vida não estava fácil para você ? Não parecia...A gente constrói castelos na areia e se apaixona por eles, fica até menor para caber lá dentro, e se esquece de levantar a cabeça e olhar a linha azul entre mar e terra onde moram as curvas. E esquece de olhar para cima e ler nas estrelas a forma dos caminhos que se cruzam. É uma teia invisível para se ver com os olhos de hoje, olhos avulsos, é o único jeito de ver o futuro e respirar de novo.
Desculpe minha ausência no momento do seu silêncio, eu pensava que você queria o vazio. Pensava ouvir você dizendo: “Não precise de mim, por favor!" Mas era você quem precisava...
É duro escrever sem saber se essa carta chegará a você. Estou sem coragem para saber. Queria te dizer o quanto você é perigoso...você me dá impulsos de viver, porque você sempre me livrou da culpa de estar viva. É perigoso o que a gente pode fazer nesse estado de poder ser...
Estou sem coragem de ligar para você, com medo de que...mas se for esse o caso, se você cumpriu sua promessa desesperada da madrugada de ontem, perdoe eu ter sobrevivido. Estou muito cansada...

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